ELIANE CRISTINA CHIEREGATTO
DA DESORDEM E DO CAOS: ESTUDO SOBRE “O CAMBISTA”, DE EDUARDO MAHON
Tangará da Serra
2019
Apresentação
A primeira impressão por parte do leitor em relação ao romance “O Cambista”, de Eduardo Mahon, pode ser a de estar efetivamente diante de uma história policial. A morte misteriosa de Erick Plum, em um quarto fechado de uma antiga pensão, remete inevitavelmente às narrativas de Edgar Allan Poe e de Agatha Christie, autores memoráveis quando se trata de literatura policial. Contudo, é no desenrolar dos eventos que o leitor percebe que a trama desenvolvida na narrativa mahoniana o direciona para uma outra conjectura, de modo a ganhar relevância o potencial alegórico que joga o texto em um duplo espaço de efeito e, embora permaneça o enigma, descompõe-se a estrutura rígida do tradicional romance policial. A escrita labiríntica convoca o leitor a redobrar a atenção acerca do melindroso fio do relato, o qual o leitor perde e reencontra nos circunlóquios promovidos pelo narrador. A literatura representada na escrita de Mahon estabelece para o leitor uma provocação quando o impele a abandonar o sujeito passivo, ou seja, a sair do lugar de conforto para suscitar, no hipotético, o que pode estar reservado para o futuro.
Palavras-chave: Romance. Narrativa policial. Segredo. Alegoria.