SINOPSE
A Gramática do Romance Brasileiro é o resultado da tese de doutoramento de Eduardo Mahon, cujo objetivo é demonstrar o vínculo temático que norteia a literatura brasileira nos últimos dois séculos. A aguçada revisão sobre a crítica literária é matéria essencial para compreender o jogo de expectativas que se estabeleceu com os romancistas que fizeram da base cartográfica a matéria-prima de suas obras. A singularidade do estudo acadêmico se revela com a demonstração da influência dos críticos do passado sobre os autores e as reações literárias daí advindas, formando-se um normativo circuito autorreferente.
A noção de brasilidade é a tônica da pesquisa acadêmica publicada neste livro. Mais do que mapear as múltiplas ocorrências da imagem brasílica, o autor suscita a tensão entre a crítica literária e os romances canonizados por ela. Esse jogo de corresponsabilidade é explorado no texto que propõe ladear ensaios de grandes intelectuais brasileiros aos romances publicados em seguida. Ao longo dos capítulos, o leitor perceberá a correspondência entre livros canonizados e a precedente expectativa dos críticos. Trata-se de uma espécie muito particular de tautologia, na qual as expectativas se encontram realizadas e, por isso, canonizadas.
É por essa razão que o pesquisador denominou as estratégias narrativas brasileiras como uma gramática. As normativas gramaticais compõem o que denominamos de norma culta. Há, também, uma expectativa por uma literatura nacional, cujos componentes sejam identificáveis pela crítica e pelo público leitor. No jogo pela hegemonia literária, há normas de sintaxe e de semântica, enfim, uma organização que confere legitimidade aos autores e suas obras. Mas quais são as regras? E quem as disciplina? Quais são as sanções aos que as descumprem? São essas as questões suscitadas pelo presente estudo.
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