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Eduardo Mahon

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INCLASSIFICÁVEIS

capa 19 inclassificaveis

Editora Carlini & Caniato

 

  • SINOPSE
  • MARLI WALKER

SINOPSE

INCLASSIFICÁVEIS – No 3º livro da coleção Contos Estranhos, o escritor Eduardo Mahon recupera toda a magia do circo. Na cidade de Cartesinos, quente e isolada, um circo de estranhas personagens chega para mudar o cotidiano dos céticos habitantes. O centro do enredo provoca o leitor a refletir sobre a importância da arte na vida humana, a despeito da racionalidade que pode ser prejudicial, se destruir o sonho, a magia e a sensibilidade.

MARLI WALKER

INCLASSIFICÁVEIS OU CARTESINOS DE BETO PRAJÁ

(Marli Walker)

A leitura do conto “Inclassificáveis”, de Eduardo Mahon, conduziu-me a antigas reflexões que reavivaram na memória o extraordinário texto “O direito à literatura”, do mestre Antônio Candido, ao qual me reporto para pensar a arte, de modo geral, e a literatura, de maneira específica. Cândido afirmou que “a literatura corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob pena de mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo ela nos organiza, nos liberta do caos e, portanto, nos humaniza. Negar a fruição da literatura é mutilar a nossa humanidade. Em segundo lugar, a literatura pode ser um instrumento consciente de desmascaramento, pelo fato de focalizar as situações de restrição dos direitos, ou de negação deles, como a miséria, a servidão, a mutilação espiritual”.

O conto me reportou a essa reflexão em função de alguns aspectos, que apontarei a seguir, pois é no correr das páginas das duas partes, cada uma com dez capítulos curtos, e no desfecho do conto que a afirmação de Candido se consolida mais uma vez. Não é possível manter nossa humanidade sem a arte.

O espaço, pequeno vilarejo onde se dá a epifania coletiva, traz no nome, Cartesinos, uma possível relação com o racionalismo cartesiano, de Descartes, o que imediatamente chama a atenção do leitor. Funciona mesmo como um alerta, despertar da razão logo no início do texto, pois não é um nome comum para uma corruptela no meio do sertão árido e pobre. A narrativa se encarrega de confirmar essa suspeita sob os ângulos filosófico, estrutural e temático. Mas eis que o pacato vilarejo vive uma reviravolta inimaginável que só ocorre em função da chegada do fantástico circo e seus tipos esquisitíssimos (inclassificáveis!), que parecem transitar entre o real e o irreal. Algumas descrições chegam mesmo a provocar certo desconforto, como é o caso das gêmeas de três pernas ou do homem que lia almas com um olho brilhante cravado na palma da mão.

Beto Prajá é a personagem que funciona como o elo entre a arte/emoção e a razão, pois é a partir dele que tudo se inicia e a partir de então a vila jamais será a mesma. Todos os demais inclassificáveis, dos tipos clichês, que em nada chocam, até as mais estranhas criaturas, sejam artistas ou animais do fantástico circo ou moradores da até então pacata Cartesinos, movimentam-se na trama entre o desejo de ceder à emoção, entregar-se ou resistir a ela. É Beto Prajá, o mesmo menino que primeiro avista o circo, que também protagoniza o fecho da narrativa e instaura uma nova era a partir do “extraordinário ovo de dragão da amazônia mato-grossense”.

Mahon traz um narrador astuto que perfila tipos eruditos e populares, reais ou irreais, entrecruzando as linhas filosóficas que conduzem a trama. O leitor será levado a encarar o caos e se reorganizar, a celebrar a alegria, o encantamento e ação transformadora da arte. Afinal, o que somos sem esta instância reparadora que nos reconcilia com o divino mais profundo? A propósito e em bom tempo, o que teria sido de nós no decorrer deste ano que passou e o que será de nós se daqui por diante não continuarmos contando com a arte, este alento, este bem que nos centra, conforta, redime e enleva? Basta de Cartesinos neste mundo duro, triste e enlutado que enfrentamos. Bendita arte que nos salva do mundo, de nós mesmos ou de ambos.

*** MARLI WALKER nasceu em Santa Catarina, de onde saiu aos dezoito anos para o sertão de Mato Grosso, região em que viveu por mais de vinte anos. Hoje reside em Cuiabá, onde escreve e leciona no Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT). A autora publicou os livros de poemas Pó de serra (2006/2017); Águas de encantação (2009), selecionado pelo edital da prefeitura de Sinop; Apesar do amor (2016), contemplado pelo edital do MEC para o PNLD/2018 e pela Prefeitura de São Paulo (2019), Jardim de ossos, premiado em 2020 pelo edital da Biblioteca Estevão de Mendonça – MT e Coração Madeira (2020).


 

 
Publicado: 11 Março 2021
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